memórias tricolores


São lembranças longínquas.
Eu, minha vó, meu pai, meus tios e meus primos no estádio. Geralmente quando ela e eu íamos, o jogo era assim, desimportante, mas não menos emocionante. Me lembro que até personagem de matéria da Globo a gente virou, tres gerações tricolores.
Ao longo dos anos foi assim. Era sempre um evento familiar que podia ser no estádio, no CT do São Paulo, que meu pai era o único que tinha paciência e prazer de nos levar. Foi lá que ganhei um beijo e uma foto com o Raí, o maior de todos os ídolos; Se não tinha nem um nem outro, a gente sempre se reunia na casa da tia bele e do tio João no Morumbi, depois em Tamboré, ou na casa do Tio Colau.

Nascida em berço tricolor, de ambos os lados, por alguns anos minha relação com o time foi a de adolescente: me apaixonei por váaaarios jogadores! Além, é claro, do Rai, Denilson já foi meu fundo de tela no computador, toda vez que ele entrava em campo eu vibrava. Antes dele teve também o Leo (chorei copiosamente quando ele foi expulso naquele jogo da Copa do Mundo). O Caio, Dodô e tantos outros.

Hoje, ver o tricolor jogar virou também sinonimo de chope com o irmão, os primos, os amigos. Aí eu gosto. Confesso que não me tornei fanática.Tenho fases, mas geralmente sei pelo menos o nome do técnico e de alguns principais jogadores.

Mas memórias são memórias e hoje, quando meu time foi hexacampeão e eu comemorei numa festa bem singular, a dos sãopaulinos no RJ, lembrei de todos eles e tive saudades.

Porque futebol é assim. Você pode nem gostar, nem ver sempre. Mas não tem como não se emocionar no estádio, ou até mesmo em um bar onde todo mundo torce para o mesmo time. É bonito demais. Os hinos, a paixão dividida, o abraço apertado no desconhecido ao lado.

Uma das partes que eu mais gosto é quando a torcida puxa " olê telê, olê telê". Toda vez eu choro. E não sei porque, mas o Muricy me traz a mesma sensação de quando lembro do Telê, que marcou minha infância. Por isso abri um sorrisão hoje quando recebi uma mensagem do meu primo querido, logo após o final do jogo "Muricy, Telê. Tô Chorando!!"
Também chorei Rê! Daquelas lágrimas que caem sozinhas. Daquelas que tem gosto doce e parecem estar lavando a alma enquanto caem.

Here, there, everywhere


As vezes a gente se pega tentando planejar a vida. Falta alguma coisa, mas a coisa sempre vai faltar. Poderia fazer isso, mas aquilo também se encaixaria entre as várias possibilidades.
De repente cai no seu colo.
E você meio que decide ir. Tá bom, sei lá, eu vou.
Mal não vai fazer.

Desde então, as coisas parecem estar em outra dimensão.
"Como você tá?!"
Ah, eu tô.
Eu tô.
Eu tô por aqui.
"Mas, o que você tem feito?"
Ah, eu tenho feito.

Para mim essa experiência tem sido assim. Sendo. Tudo muito surreal. Como se fosse, mas não fosse.
De repente você se vê "invadindo" a turma alheia. Num aniversário de um amigo que não é seu, com uma turma que não é sua, numa cidade que não é sua.
Mas você se sente bem. Não gostaria de estar em qualquer outro lugar que não aquele.
Se pega admirando a amizade alheia. Como se dão os laços afetivos, as demonstrações de amor.
Um vai batizar sua filha amanhã. A outra fabrica penduricalhos de cabelo com as sedas que a vó deixou de herança e gosta de pintar as unhas de verde, azul, preto. A outra morou um ano em new york, mas voltou pra ficar com o namorado de quatro anos que ela conheceu num show do Jorge Ben.
E ai você se lembra como e o quanto as pessoas podem ser admiráveis. Como é apaixonante observar os caminhos que a vida toma, muitas vezes involuntariamente, mas com aquele pinguinho de empurrão que você dá, mesmo sem saber que tinha dado.
Tô feliz pra caralho. Satisfeita.
Estou aonde deveria estar, seja lá o que isso significa.

entrelinhas


Juro que buscava não pensar no momento em que vivia, e mergulhar na história de amor de André Gorz e sua Dorine. No conto de fadas da vida real, que como já disse (e provou em seus filmes!) E.Coutinho, pode ser mil vezes mais interessante que a ficção, duas pessoas são sim capazes de serem casadas por 60 anos e ainda assim se amarem e se desejarem tanto, que "nós desejaríamos não sobreviver um à morte do outro. Dissemo-nos sempre, por impossível que seja, que, se tívessemos uma segunda vida, iríamos querer passá-la juntos."

E enquanto me envolvia na história de um amor, lendo "Carta a D.", que Gorz escreveu a ela já no fim da vida, me deparei com uma digressão do intelectual francês sobre si próprio que encaixou-se mais que perfeitamente em mim.

" a vontade de não ser Nada se confunde com a de ser Tudo. É preciso aceitar ser finito: estar aqui e em nenhum outro lugar, agora e não sempre ou nunca [...]; ter apenas esta vida."


Tão simples de ler, mas dificil de viver! Ainda mais para quem, como eu, nasceu apostando corrida com a vida, sempre preocupada em absorver tudo e um pouco mais...tirar o pé do acelerador é mais que necessário, e parece que só mesmo um dia após o outro.

OBS: Carta a D. foi escrito por Gorz um ano antes de ambos cometerem suícidio. Romeu e Julieta? Vida real.

O livro, traduzido para o português, é da Cosac: http://www.cosacnaify.com.br/noticias/extra/gorz/

Fórum de Produção de Cinema

Mostra SP

Sábado teve coletiva da 32ª edição da Mostra Internacional de Cinema de SP.
Depois eu posto os destaques deste que é um dos maiores eventos de cinema do país. Queria falar do filme que vi após a coletiva de imprensa, "Horas de Verão" (L’ HEURE D’ÉTÉ), do diretor francês Olivier Assayas.
Nunca tinha visto nada dele, e fui sem saber que filme assistiria.
Como aquelas boas surpresas da vida, o filme me marcou e vira e mexe me pego pensando nele. Assayas conseguiu tratar de temas tão complexos como arte, a morte, as relações familiares, memória, esquecimento, passado, presente, futuro, de uma maneira tão delicada e tocante, que saí de lá super reflexiva, emocionada mesmo.
O site oficial é este e o trailer você pode ver aqui:

Quem tiver a oportunidade de ver na Mostra... não perca!

Bush comediante

Dá só uma olhadinha no festival de piadas que George W Bush profeciou nos útlimos oito anos. Eu sei que é batido, mas também inevitável pensar como um ser dessa espécie foi o homem mais poderoso do mundo por tanto tempo. Reparem no jogo de expressões e o modo como ele mexe as sombrancelhas ao falar.

Elite Squad, só mais um filme de ação

Fuçando nos blogs alheios, me deparei, no site do jornalista Ricardo Calil, com uma pérola: o trailer americano do famigerado "Tropa de Elite", ou melhor, "Elite Squad".
A amostra gringa foi totalmente modificada, retirando o foco do capitão Nascimento para os dois amigos André Matias e Neto, que são apresentados como pessoas que, ao perderem familiares na guerra do tráfico, resolvem entrar na polícia e fazer justiça.
Esse trailer só vem a confirmar um momento de epifania que tive nos seminários da FIICAV - 3ª Feira Internacional da Indústria do Cinema e Audiovisual , quando, na mesa de "Dados do Mercado Cinematográfico", Cadu Rodrigues, "O" cara da Globo Filmes, apresentou uma pesquisa até então inédita sobre o público consumidor de teatro e cinema. Encomendada pela Globo Filmes e executada pelo Instituto Datafolha, a pesquisa, entre outras coisas, mostrou que o público consumidor de cinema tem na ação seu gênero preferido. Isso explica o sucesso de "Tropa" entre variadas faixas etárias e classes sociais. É óbvio! José Padilha fez um filme de ação, com todos os clichês que o gênero pede, só que ambientado no Rio de Janeiro. Isso pode ser comprovado com o trailer,ainda que este não corresponda totalmente ao filme já que foi forjado para agradar aos americanos.




A preferência do público foi depois reforçada pelo Jorge Peregrino, vice-presidente da Paramount e presidente do SEDCM-RJ (Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Rio de Janeiro-Ufa!), entidade que também encomendou uma pesquisa ao Datafolha, mas focada apenas no mercado de cinema e muito mais abrangente, já que feita em dez capitais brasileiras (a da Globo Filmes ficou restrita a São Paulo e Rio de Janeiro, ops!)
Tá certo que filmes de ação não são lá o forte do cinema nacional, mas na pesquisa do Sedcm-Rj, que pode ser acessada aqui, 43% dos homens e 22% das mulheres entrevistadas elegem a ação como gênero preferido, tanto para filmes nacionais como estrangeiros.

Cultura Política x Política Cultural


Texto para o site Cultura e Mercado (http://www.culturaemercado.com.br/)



Por Georgia Nicolau
geonicolau@yahoo.com



Fazia frio em São Paulo na quinta-feira, dia 18 de setembro. Ainda assim, na Al. Nothman, centro da Cidade, o andar de cima do Instituto Pensarte ficou quase sem cadeiras. Algumas 30 pessoas ou mais estavam lá para debater a cultura política e a política cultural. O sofá da direita foi ocupado pelo jornalista, ex-assessor do Ministro da Cultura Gilberto Gil e hoje diretor colegiado da Ancine, Sérgio Sá Leitão. Para debater com ele, Fábio Maciel, advogado, professor de Ensino Superior e candidato a vereador por São Paulo pelo PC do B. Na mediação, o advogado especializado em cultura e esportes Fábio Cesnik, um dos fundadores do Instituto Pensarte. Leia abaixo algumas questões levantadas no debate.

Teoria e Prática

Sérgio Sá Leitão iniciou o debate tocando em uma das mais polêmicas questões no âmbito da política cultural, as leis de incentivo fiscal. Criticando o protagonismo dos instrumentos de fomento, que se tornaram em si políticas culturais, quando deveriam ser apenas instrumentos, para o diretor da Ancine, grande parte dos problemas advindos da Lei Rouanet e outras leis similares, se deve ao fato de que são instrumentos sem política e portanto acabam sendo ineficientes e pouco abrangentes. “Aprendi que muitas vezes a inexistência de uma política, é, em si, uma política.”

Para Sá Leitão, a gestão de Francisco Weffort como Ministro da Cultura dos anos FHC foi marcada pela omissão do Estado na definição de critérios e processos de avaliação. “Já Gilberto Gil, desde o início da sua gestão se colocou o desafio de fazer o Plano Nacional da Cultura, a constituir câmeras setoriais, a debater uma política de direitos autorais, por meio de seminários itinerantes”. Ainda assim, o ex-assessor de Gil acredita que não chegamos, ainda, em um momento de amadurecimento das políticas culturais.

Para exemplificar tal imaturidade basta comparar a cultura com outras áreas tidas como constituintes do bem-estar social, como a saúde, educação e as políticas urbanas. Todo o desenvolvimento urbano de uma cidade se dá por meio de um plano diretor. “Por que não um plano diretor para a cultura? E, mais importante ainda, uma lei geral que fosse institucionalizada e independesse de governo”, questiona o jornalista.

Com a lei geral da cultura, haveria uma sincronicidade maior entre as ações municipais, estaduais e federais, evitando situações como a secretaria municipal da cultura de São Paulo, que oferece um edital para realização de longas-metragens. Com uma produção de 82 filmes no ano passado, o problema do cinema nacional não é a produção, mas a distribuição e exibição dos filmes. Ou seja, ao invés de um edital para produzir mais filmes, é preciso trabalhar de outras formas o cinema desviando o foco da produção para o consumo. Construindo cineclubes pela cidade, por exemplo. Outra solução é o vale-cultura, promessa antiga do presidente Lula. Por conta da demora, a Ancine planeja fazer o vale-audiovisual, aproveitando sua autonomia em relação à burocracia estatal.


Culturas locais

Fábio Maciel iniciou sua fala associando cultura, cidadania e generosidade. Para o advogado cultura política e política cultural possuem uma relação dialética, sendo que uma depende da outra para sobreviver. Entre suas propostas para a Cidade está a valorização da escola como epicentro da diversidade cultural local. Como exemplo, utilizou frase profeciada pelo multiartista Jorge Mautner: “Ou o mundo se brasilifica ou se torna nazista”. Maciel, que ao lado de Fábio Cesnik foi produtor de Mautner, citou o músico para ilustrar a diversidade cultural brasileira.

Mais tarde, essa questão foi questionada por um dos presentes no debate que alertou para a estereotipação dos moradores da periferia, que para alguns só gosta de hip-hop, grafite e nada mais. Como resposta, Sá Leitão contou o caso do Congo do Espírito Santo, expressão tradicional e exclusiva da região que de marginalizada tornou-se única política cultural do Estado, obrigando músicos de outros ritmos a procurarem outros meios que não os incentivos locais.

Público e privado

Para Maciel, “existe um patrimonalismo na relação entre o público e o privado no Brasil, sendo que o que deveria ser público fica voltado para atender aos interesses privados de uma minoria.” Mas, otimista, ele defende que o que é histórico-cultural é passível de ser mudado.

E como patrimonalismo e clientelismo caminham lado a lado, Cesnik provocou os debatedores a comentarem uma questão pouco falada nas conversas culturais, que é a postura clientelista da classe artística em relação ao Estado, ou melhor, o Estado-balcão.

Sergio Sá Leitão recorreu ao reduzido histórico das políticas culturais no País –o Ministério da Cultura brasileiro tem apenas 23 anos – e afirmou que desde seu início estas foram destinadas aos artistas e produtores culturais. “O grande desafio que temos no Brasil hoje é o da radicalização e ampliação do grau de acesso aos meios de produção cultural.”

Cultura e desenvolvimento

A exemplo do que prega o SESC, Sá Leitão tocou em questão central, que é a relação direta entre cultura e desenvolvimento. “Sabe-se do impacto que a fruição artística tem no desenvolvimento pessoal. O desenvolvimento cultural de uma sociedade, que passa pelo seu grau de acesso, tem a ver com a dimensão coletiva e diz respeito ao desenvolvimento conjunto da sociedade.”

Desenvolvimento este que pode ser também econômico. Afinal, na divisão do trabalho da cultura, o capital humano é imprescindível e dificilmente será substituído por máquinas. “A origem de um conteúdo cultural é a imaginação. O conteúdo e a transformação deste geram adição de valor agregado, valor este que é gerador de renda.”

O exemplo do cinema talvez seja o mais significativo, já que para a produção de um longa-metragem necessário o trabalho coletivo de cerca de 400 pessoas.

Ensaio sobre o ensaio


Belo texto do Contardo sobre o novo filme de Meirelles...não sou nenhum Contardo, mas escrevi minhas impressões sobre o filme alguns posts abaixo. Vou tentar ver de novo e reescrever a coisa toda.

CONTARDO CALLIGARIS

"Ensaio sobre a Cegueira"


Somos capazes de tudo: o apocalipse nos testa e nos revela a nós mesmos e ao mundo

GOSTO DOS romances e dos filmes apocalípticos, ou seja, das histórias em que algum tipo de fim do mundo (guerra nuclear, invasão extraterrestre, epidemia etc.) nos força a encarar uma versão laica e íntima do Juízo Final. Nessa versão, Deus não avalia nosso passado, mas, enquanto o mundo desaba, nosso desempenho mostra quem somos realmente. No desamparo, quando o tecido social se esfarela e as normas perdem força e valor, conhecemos, enfim, nosso estofo "verdadeiro". Somos capazes do melhor ou do pior: o apocalipse nos testa e nos revela.
O primeiro romance apocalíptico (de 1826) talvez tenha sido "O Último Homem" (ed. Landmark), de Mary Shelley, que é também a autora de "Frankenstein". De fato, as duas obras são animadas pelo mesmo sonho: uma criatura radicalmente nova pode ser fabricada no bricabraque de um necrotério ou nascer das cinzas da civilização. Em ambos os casos, ela será sem história, sem ascendência, sem comunidade e, portanto, penosamente livre - para o bem ou para o mal.
No romance de Mary Shelley, aliás, a causa da catástrofe é uma epidemia, como na "Peste", de Camus, e como no "Ensaio sobre a Cegueira", de Saramago, que é agora levado para o cinema por Fernando Meirelles.
A obra de Meirelles é fiel ao livro que a inspira, mas, para contar a mesma história, consegue inventar uma eloqüência própria, sutil e forte. Por exemplo, o filme banha numa luz esbranquiçada e difusa que não é apenas (como foi dito e repetido) uma evocação da cegueira branca que aflige a humanidade: é a atmosfera ordinária de nosso universo desbotado, em que a trivialidade do cotidiano desvanece os contrastes - até que as sombras e os brilhos sejam revelados na "hora do vamos ver", que acontece, paradoxalmente, porque todos (ou quase todos) perdem a visão.
Depois de assistir ao filme, li algumas das críticas que ele recebeu em Cannes. A nota de Manohla Dargis, no "New York Times" de 16 de maio, por exemplo, é paradoxal: Dargis acusa o filme de ser uma Alegoria com "A" maiúscula, em que, aos personagens, faltaria espessura. Certo, os personagens de "Ensaio sobre a Cegueira" quase não têm história prévia, assim como a cidade em que os fatos acontecem (uma mistura de São Paulo com Toronto) é uma cidade moderna qualquer, cujas particularidades não contam. Essa, justamente, é a beleza do gênero: o surgimento quase abstrato de uma situação extrema, em que se trata de escolher e agir a partir de nada. O passado, o lugar não contam: os personagens são definidos por suas escolhas aqui e agora.
Dargis também se queixa da oposição que lhe parece excessiva, no filme, entre "os bons" e "os ruins", ou seja, entre os que, na cegueira, descobrem e aprimoram sua humanidade e os que a perdem. É uma queixa curiosa, pois, em quase todas as narrativas apocalípticas, a contraposição de retidão e bestialidade é o sinal de uma liberdade quase absoluta, angustiante: o fim do mundo é um bívio sem leis, sem flechas, sem compromissos, onde qualquer um pode escolher o horror ou a esperança. A oposição caricata dos bons e dos ruins expressa a incerteza do espectador, do leitor e do autor: "Você, se, por uma misteriosa epidemia, o mundo ficar cego, se o reino da lei acabar e começar a idade da luta pela sobrevivência, de que lado estará? Do lado dos que inventarão novas formas de abusos ou dos que descobrirão novas formas de respeito e de vida comum? Uma vez perdida a visão, o que você enxergará no seu vizinho: mais uma mulher para estuprar e um otário para explorar ou um irmão, perdido que nem você?"
No "Ensaio sobre a Cegueira" (de Meirelles e de Saramago), diferente do que acontece em muitas narrativas apocalípticas, a heroína é uma mulher, e as mulheres são as depositárias da esperança; elas saem engrandecidas pelas provas da situação extrema.
São elas que, para o bem de todos, entregam-se aos estupradores, aviltando não elas mesmas mas os que as violentam, com uma coragem que salienta a covardia dos maridos ciumentos ou zelosos de sua "honra". São elas que sabem cuidar de uma criança ou matar quando é preciso. São elas que reinventam a amizade (em cenas memoráveis: a das mulheres lavando o corpo da companheira espancada à morte e a das mulheres no chuveiro).
Aviso, caso, um dia, a gente tenha que recomeçar tudo do zero: em geral, as mulheres sabem, melhor do que os homens, o que é essencial na vida.

here we go!

I'm back again!
Primeiro no blog das meninas de lá: http://www.asmeninasdela.blogspot.com/. Postei depois de um inspirado aniversário, uma festa de arromba e um pedido vindo de um querido leitor. Claro que ele frequenta o blog por conta de uma menina de lá em especial, a mais doce delas talvez. Mas, de rebarba, sempre acaba deixando uns comentários nos posts que escrevemos, e por isso devo agradecer. Incentivo nunca é demais. Thanks Bruno!
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Well, e agora aqui, no meuuuu free space de associações livres. Queria muito que todos ficassem a par da mais divertida das polêmicas da cultura brasileira. Caetano Veloso X a "crítica musical paulixtana".

Gente, eu adoro Caetano, algumas músicas dele fazem parte da minha vida, não tem como eu ouvir e não gostar. Inclusive o último álbum, o Cê. Mas que ele é arrogante pacaraleo isso ele é. Fiquei sabendo da polêmica na semana passado, quando li na Folha Online, entre as matérias mais lidas: "Caetano diz que crítica de show é provinciana." A matéria se referia à fúria de Caetano diante de duas críticas de seu show com Roberto Carlos em São Paulo. Críticas escritas pelo Jotabê Medeiros (Estado de S. Paulo) e pela Sylvia Colombo ( Folha de S. Paulo).

Na hora me interessei; faz tanto tempo que a crítica de arte, e muito menos a crítica de música não era debatida fora das salas de aula dos cursos de jornalismo! Lá vamos nós....Bem, qual não foi minha decepção quando vi que Caetano, para rebater as críticas, chamou Sylvia Colombo e Jotabê Medeiros "de boba da Folha e o burro do Estadão" no seu blog http://www.obraemprogresso.com.br/.

Que raios de debate!!!

Tudo começou porque nem um nem outro, por motivos diversos, gostaram do show, promovido pelo banco Itaú em homenagem a Bossa Nova.

Assumo que gostei bastante do começo do texto da Sylvia Colombo:

"Celebridades loucas para aparecer, fotógrafos emperrando a passagem, portões que não abrem, artistas que se atrasam, excesso de convidados, inserções abusivas de agradecimentos a patrocinadores, desrespeito ao público em geral.

Duas coisas marcaram o aniversário de 50 anos da bossa nova. A que preponderou até aqui foi, certamente, esse frenesi coletivo pelo bochicho nos eventos de comemoração. "

Ela continua o texto dizendo que o show foi modorrento e sem improvisos, entre outras coisas(que incluem elogios também). Como eu não estava presente, não posso argumentar, mas do inicio do texto eu só tenho a concordar. Só o fato de terem sido apresentações únicas, a preços absurdos, patrocinados pelo banco com maior lucro no País já me deixa bastante revoltada. Bossa Nova é ou não é patrimônio cultural do País? Porque só alguns podem ter acesso? Porque não fizeram um show ao ar livre no Parque do Ibirapuera? Dinheiro para isso eles têm, de sobra. E esse frenesi coletivo, esse bando de convidados ilustres, só me faz pensar que mais do que um show, isso foi mesmo um espetáculo, obra de nossos tempos espetaculares. Leiam o texto da Sylvia Colombo na íntegra neste link: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u439149.shtml

Well, gosto muito do Jotabê, admiro ele por todo seu conhecimento, não só musical, como de poesia, política e de várias outras coisas. Leio sempre o blog dele e nunca deixo de aprender e dar risada com seus sarcasmos, como quando se refere ao Kassab como "Prefeito Patolino".
Na primeira vez que li sua crítica da Bossa, dei muita risada, porque ele pegou pesado!
Só agora, lendo novamente sua crítica, achei que ele pegou pesado demais. Me parece um certo ranço com a Bossa Nova e tudo que a cerca...mas, posso estar enganada. Como sou jornalista e tenho amigos da mesma espécie, sei que existe uma pré-disposição em não gostar de Caetano Veloso e Bossa Nova. Talvez não seja esse o caso do Jota, já que ele nunca me pareceu ser do tipo que fala mal por falar. Digam vocês o que acham. O texto do Jota está neste link: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080827/not_imp231284,0.php

Caetano continuou em seu blog a polêmica e comenta, em post datado de 30 de agosto, o texto do Jotabê, parágrafo por parágrafo. Cara, como essa discussão podia ter sido bem mais aproveitada, não fossem os egos desvalidos. Ao invés de ficar putinho e ficar dizendo que o Jotabê escreve vírgulas demais, Caetano poderia ter ido mais a fundo nas questões estéticas e artísticas.
Ele até faz isso em alguns comentários, são os melhores. Isso não deveria ter sido encarado como uma rinha pessoal, quem sabe mais, quem é melhor. Usar prestígio para humilhar as pessoas é uma das coisas mais baixas que alguém pode fazer.

O Jotabê, com todo direito que tem, se defende no blog dele http://medeirosjotabe.blogspot.com/.

Leiam e me digam o que acharam!!!

quinta-feira branca




quem somos, do que somos feitos

enquanto assistia, ficava lutando contra mim mesmo. parte de mim queria o happy end. algo bem simplista. um final que me mostrasse que os seres humanos tem salvação. de que não somos egoístas, nem falsos, nem cruéis. de que não nos aproveitamos dos outros. de que não matamos. de que não ferimos.

uma outra parte relutava. “don´t be blind. vc sabe que não existe happy end.” mas não me culpo. é difícil enxergar. é difícil aceitar.
aceitar que diante da morte, da fome, da miséria, diante do caos não existem regras. com certeza esse é o maior medo. e isso o filme passa muito bem. não vou entrar em detalhes técnicos, coisas que senti falta do filme. coisas que poderiam ter sido pensadas.

preciso falar na aflição que senti, nas diversas sensações que tive . e na minha saída do prédio da FOX Films, não conseguia enxergar direito as coisas. algo mudou, tenho certeza. talvez dure apenas algumas horas. mas me sinto estranha. uma espécie de luto epifânico, se é que isso existe. a mourning. uma ressaca.

será que vivemos a vida para aqueles momentos de ternura? quando eles todos reencontram o conforto e amor, uma casa, a chuva que caia sobre os corpos, uma boa comida. risadas. abraços. carinhos. bem-estar.

mas e todo o resto? será que a vida se prende a esses momentos? ou será que na verdade eles servem apenas como um relaxo?

resisto em ser pessimista. sempre odiei os otimistas, mas no fundo sou um deles. fico querendo ver o lado bom da vida, dia após o outro. provavelmente é só uma forma de esquecer todo o resto. esquecer o menino no farol, esquecer a guerra, a prisão de guantánamo, esquecer que um dia eu fiz alguém chorar, esquecer que sou invejosa, esquecer que sou egoísta, esquecer que nem sempre trago a felicidade aos que estão ao meu redor.

a pessoa que enxerga. ela encontra então sua razão de viver. não é preciso pensar. ela é a única que enxerga e portanto tem a sua missão definida. ela carrega o fardo, ela os guia, os alimenta, limpa, cuida.
mas, e quando eles voltarem a enxergar? o que será dela ? ela voltará a ser só mais uma.

e se o homem cego estivesse muito mais feliz assim? preferindo não enxergar, para não ter que ver tudo aquilo que ele sofreu, todas as inseguranças. assim, sem conhecer seu rosto, a menina talvez case com ele e eles sejam felizes para sempre.
ele diz "I don´t want to know how you are. I know that part of you that has no name. that´s who we really are. "

será? ou será que ele prefere viver a vida assim, sem que as pessoas saibam quem ele é, ou como é. ouvindo apenas as vozes e sentindo uns aos outros os julgamentos talvez sejam menores. ou não.

tantas coisas pensei, tantas coisas penso. olhei ao meu redor. horário do almoço. os elevadores lotados. tudo parece pequeno, forjado. resisto a dizer, mas tudo parece triste e sem significado. será que somos todos cegos?

Los Suenos

A arte aí em cima é da TULIPA RUIZ (http://www.flickr.com/photos/liparu/)

Hoje assisti ao documentário El Ultimo Bandoneón, uma co-produção argentina-venezoelana que conta a história do tango na argentina. Chorei umas 300 vezes. Ouvir tango para mim é sentir sempre algo muito forte, inexplicável.

Não sei o que me emocionou mais, se é o bandoneón, o violino, a dramaticidade e sensibilidade da dança ou a tradição que envolve essa música popular argentina. Os maestros velhinhos, com 80, 90 anos, um deles cego. A quantidade de vida que saía daqueles bandoneóns, a intensidade das notas, os gestos. O modo como os envolvidos falavam apaixonadamente de cada parte do instrumento. As oficinas familiares de consertos do bandoneón, onde o amor e a técnica são passados de pai para filho. (Um dia já odiei a tradição. Depois amei demais. Isso porque as tradições são muitas. Hoje valorizo quase tanto como valorizo a vida. A tradição, quando não vem para oprimir as próximas gerações é a sabedoria acumulada da humanidade.)

Em vários momentos do filme, os personagens se referiam tanto à dança quanto à música dizendo: não se trata de dançar, mas de sentir a alma.

O bandoneón só funciona com o ar dentro, como se fosse um ser humano. Ele também tem alma. E é de lá que saem os lamentos e os rasgados milongueiros que me fazem chorar sem esforço algum.
Tô dramática.
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Hoje comprei um livro de poesias da Hilda Hilst. Logo a primeira página que abri, ainda na estante da livraria, uma frase me saltou aos olhos

"Me queimo em sonhos, tocando estrelas."

Não consegui mais tirar isso da cabeça. Adoro quando as palavras me surpreendem em pequenas epifanias que fazem valer a vida inteira.

Odeio máximas, mas frases que dizem muito, em pouco, são obras de verdadeiros seres verdadeiros que sentem.

Em homenagem aos egos desvalidos


da série que acabo de inaugurar: leminskianas


Sujeito Indireto



Quem dera eu achasse um jeito

de fazer tudo perfeito,

feito a coisa fosse o projeto

e tudo já nascesse satisfeito.

Quem dera eu visse o outro lado,

o lado de lá, o lado meio,

onde o triângulo é quadrado

e o torto parece direito.

Quem dera um ângulo reto.

Já começo a ficar cheio

de não saber quando falto,

de ser, mim, indireto sujeito.


lacunas ideais


Inaugurei o Blog e me empolguei. Fui logo divulgando para todo mundo que eu gosto, como que me oferecendo, em um único aviso coletivo. Leiam, critiquem. No fundo, sei que quando faço isso é ato impensado. Se depender, não faço blog. E se faço não mostro.

Isso porque odeio o fato de que sou imperfeita, e odeio o quanto os meus textos são uma grande vitrine para tal fato. Não me lembro (embora sempre existam as exceções) de um único texto que eu tenha escrito e depois, relendo, não tivesse vontade de reescrever.

Pensei nisso hoje quando entrei no messenger e minha madrinha-tia-querida, que mora lá do outro lado do mundo e vive uma realidade bem distante da minha, disse que tinha entrado no meu blog e achado legal.

Fiquei pensando o que ela teria pensado sobre meu texto da inauguração da ponte. O que ela e todas(haha, todas as cinco ou seis) as outras pessoas que leram acharam. Com certeza cada um pensou uma coisa.

Pode ter sido algo como "Ai, a juventude e as utopias, bons tempos." Ou quem sabe "que ingênua... pensar que andar de bicicleta em uma ponte pode mudar alguma coisa, etc etc....
Enfim... tantas coisas podem ter passado pela cabeça dos meus poucos e queridos leitores.

Mas eu sei que isso, no fundo, não é tão importante quanto eu poder exercitar minha escrita e me forçar à exposição, para que ela fique menos dolorida com o passar do tempo e eu ,quem sabe um dia, possa olhar para trás e ver, "nossa como melhorei". Talvez até me emocionar com alguns dos meus textos, como acontece quando leio, por exemplo, as meninas de lá e suas crônicas sobre a vida.

Cheia de lacunas, assim eu sou, apesar de às vezes inconformada por não ser o todo (como assim, não sou perfeita e ideal! mamãe devia ter me avisado antes!!)

Uma das minhas "faltas" é que eu acho que sinto muito mais do que consigo transmitir nas palavras. Ainda que, para meu desespero, a escrita seja a fonte do meu trabalho, espero que por muitos anos.

Aproveito que o blog é meu, e sim ele é um diário clichê de uma recém-formada em jornalismo cheia de defeitos, e volto ao dia da bicicleta na ponte.

Acho que não consegui fazer jus ao que senti naquele dia. Não é porque a ponte foi inaugurada pelo PSDB/DEM e eu sou do contra. Também não é porque eu sou contra o "progresso e o desenvolvimento"da cidade. E também não é porque eu não considere importante construir pontes para a Cidade.

É porque tenho na minha cabeça uma Cidade ideal e vira e mexe, me pego extremamente pessimista e triste (quem não ficaria morando em SP). Quando encontro gente que nem o povo da bicicletada, que reunia ali naquele dia gente de tudo quanto é tipo, unidos por objetivos comuns, eu me emociono porque sempre acreditei que é assim ,e só assim, que alguma coisa pode ser mudada. E qualquer um que tenha pegado o congestionamento de 266 kilometros da sexta-feira retrasada sabe que alguma coisa tem que ser feita.


Ainda não saio satisfeita com a minha explicação, mas é assim: um passinho de cada vez.


E para elevar um pouco o nível, termino com Quintana que sabe falar em pouco, muito.


Da contradição

Se te contradisseste e acusam-te...sorri.

Pois nada houve, em realidade.

Teu pensamento é que chegou, por si,

A outro pólo da Verdade...

De bike no concreto milionário

Foto retirada de: http://pollyrosa.multiply.com/photos/album/32

Sábado passado estive na inauguração do mais novo empreendimento da metrópole: a Ponte Estaiada, batizada com o nome do ilustríssimo Frias, falecido dono da Folha de S.Paulo. Fui de bicicleta, me juntar aos colegas da bicicletada de São Paulo,e protestar contra a proibição, pela prefeitura, de circularem bikes pela ponte.

Na verdade, fui de acompanhante e confesso que me surpreendi. (Admiro quem anda de bicicleta todos os dias, mas ainda não sou uma adepta. Muito porque morro de medo do trânsito nervoso da Cidade)

As imagens da inauguração ficaram bem fortes na minha memória. Enquanto eu ouvia os fogos (Patolino, o prefeito e Serra, el gobernador discursavam lá em cima), um monte de gente tirava foto, famílias inteiras (ao invés de teatro, cinema, música...entretenimento é inauguração de obra pública!!). Algumas delas, incluindo os moradores da favela do lado, são pessoas que nunca vão poder trafegar no empreendimento milionário, já que além das bikes, os pedestres também são proibidos.

Logo que chegamos, fomos impedidos de passar pela GCM, que alegou que as outras bikes, que já estavam lá em cima fazendo o piquenique, entraram no meio dos carros antigos, sem permissão deles. (assista ao vídeo no site http://apocalipsemotorizado.net/ e veja a GCM tentando barrar os bicicleteiros, sem sucesso).

Ficamos ali, tentando negociar, conversando com os azuizinhos. Um deles até confessou que não estava nada feliz. (“ Você acha que tem um problema? Imagina eu, que acordei todo feliz e me ligaram de manhã dizendo que a minha folga tinha sido cancelada?”). Solidarizei-me com o soldado Dos Anjos. Nada pior do que cancelar a folguinha do sábado.

Enfim, depois de alguns atritos, muita insistência, ajudas lá de cima, uma GCM nervosinha ter gritado com um moço que carregava o filho num banquinho da bicicleta, eles acabaram cedendo. A capitã, que antes era rainha das grosserias se aproximou docemente dizendo que faria a nossa escolta pela ponte, mas que não se responsabilizava. “Não façam isso gente, é perigoso, vamos liberar o trânsito”.

Enfim, chegamos e cerca de 30 pessoas faziam um lindo piquenique no último dia da ponte sem carros (testemunhas disseram que a ponte já congestionou em sua primeira semana, o que não é nenhuma novidade)

Saldo do dia: eu, cagona de carteirinha(morro de medo das máquinas de lata), saí do Butantã, fui até a Berrini passei em Moema e voltei pro Butantã. Tudo de bike. Claro,ainda acompanhada (muito bem, aliás). De quebra, me emocionei na ponte, vendo a cidade de cima, transgredi algumas leis, sem desrespeitar ninguém.

Para saber mais sobre a bicicletada:

http://apocalipsemotorizado.net/bicicletada/sao-paulo/


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Depois que postei, vi essa notícia que saiu no Diário. Ironia, ou não? Os caras acham que enganam a gente, com essa história de que a ponte vai desafogar o trânsito.

Motorista já sofre com trânsito na Ponte Estaiada

Plantão | Publicada em 13/05/2008 às 12h28m

Rodrigo Ferreira, Diário de S.Paulo Ponte Estaiada na noite de segunda-feira - Foto de Eliaria Andrade, Diário de S.Paulo

SÃO PAULO - O paulistano já tem mais um ponto de congestionamento na cidade. Trata-se da ponte estaiada, que liga a Avenida Jornalista Roberto Marinho à Marginal Pinheiros no Brooklin, zona sul da capital. No primeiro teste prático realizado num dia útil, na tarde desta segunda-feira, o complexo serviu para desafogar um pouco o trânsito da região do Brooklin, Campo Belo e Jabaquara, mas pagou o preço pelo grande fluxo de veículos. Pela manhã o trânsito fluiu bem, mas à tarde a lentidão em cima da ponte foi constante.

Vote: a nova ponte merece o título de novo cartão-postal da cidade?

À noite, muitos motoristas aproveitaram as paradas constantes para contemplar a estrutura. O efeito de luzes coloridas chamou a atenção até de quem passava pela marginal. Alguns motoristas tiraram fotos.

Apesar das placas de proibição na entrada da ponte, pessoas e bicicletas utilizaram a via para ir de um lado a outro do Rio Pinheiros.

Dois pedestres também cruzaram a ponte. Um deles segurava uma garrafa de cachaça na mão. Perguntado se não sabia que a travessia é proibida, mostrou-se surpreso:

- Não pode? É mesmo, rapaz? Eu nem sabia.

Um agente da CET que estava no local se limitava a fiscalizar as conversões proibidas nas proximidades da ponte.

O motoboy Rodrigo Soares, 22 anos, acostumado a enfrentar engarrafamentos todos os dias, disse que a ponte facilitou o trânsito local.

- Foi um investimento que valeu a pena.

A Ponte Octavio Frias de Oliveira, conhecida como ponte estaiada, levou cinco anos para ser concluída. Orçada em R$ 233 milhões, tem a estrutura com base de 138 metros sustentada por 144 cabos revestidos em polietireno amarelo com a altura equivalente a um prédio de 46 andares e também passa a fazer parte do cartão-postal da cidade. A ponte foi inaugurada no último sábado, às 11h

Inauguração


Olás.

Vou inaugurar o blog, que eu criei faz um tempinho, mas até agora não tive vergonha na cara de escrever. O nome, nada criativo (sempre achei que blogs tinham que ter nomes criativos), surgiu de uma conversa com uma amiga. Ela me falava de como eu discorro sobre coisas diferentes e vou associando elas com uma inigualável facilidade. É porque sou assim mesmo, caótica, o que já me fez sofrer muito em busca de um foco.

Ultimamente desisti da busca, ou pelo menos tenho tentado assumir meu lado caótico e tirar proveito dele.

Aos parcos leitores deste, bem-vindos ao Caos! Textos livres, associações livres, livre de temas.

Até breve