De bike no concreto milionário

Foto retirada de: http://pollyrosa.multiply.com/photos/album/32

Sábado passado estive na inauguração do mais novo empreendimento da metrópole: a Ponte Estaiada, batizada com o nome do ilustríssimo Frias, falecido dono da Folha de S.Paulo. Fui de bicicleta, me juntar aos colegas da bicicletada de São Paulo,e protestar contra a proibição, pela prefeitura, de circularem bikes pela ponte.

Na verdade, fui de acompanhante e confesso que me surpreendi. (Admiro quem anda de bicicleta todos os dias, mas ainda não sou uma adepta. Muito porque morro de medo do trânsito nervoso da Cidade)

As imagens da inauguração ficaram bem fortes na minha memória. Enquanto eu ouvia os fogos (Patolino, o prefeito e Serra, el gobernador discursavam lá em cima), um monte de gente tirava foto, famílias inteiras (ao invés de teatro, cinema, música...entretenimento é inauguração de obra pública!!). Algumas delas, incluindo os moradores da favela do lado, são pessoas que nunca vão poder trafegar no empreendimento milionário, já que além das bikes, os pedestres também são proibidos.

Logo que chegamos, fomos impedidos de passar pela GCM, que alegou que as outras bikes, que já estavam lá em cima fazendo o piquenique, entraram no meio dos carros antigos, sem permissão deles. (assista ao vídeo no site http://apocalipsemotorizado.net/ e veja a GCM tentando barrar os bicicleteiros, sem sucesso).

Ficamos ali, tentando negociar, conversando com os azuizinhos. Um deles até confessou que não estava nada feliz. (“ Você acha que tem um problema? Imagina eu, que acordei todo feliz e me ligaram de manhã dizendo que a minha folga tinha sido cancelada?”). Solidarizei-me com o soldado Dos Anjos. Nada pior do que cancelar a folguinha do sábado.

Enfim, depois de alguns atritos, muita insistência, ajudas lá de cima, uma GCM nervosinha ter gritado com um moço que carregava o filho num banquinho da bicicleta, eles acabaram cedendo. A capitã, que antes era rainha das grosserias se aproximou docemente dizendo que faria a nossa escolta pela ponte, mas que não se responsabilizava. “Não façam isso gente, é perigoso, vamos liberar o trânsito”.

Enfim, chegamos e cerca de 30 pessoas faziam um lindo piquenique no último dia da ponte sem carros (testemunhas disseram que a ponte já congestionou em sua primeira semana, o que não é nenhuma novidade)

Saldo do dia: eu, cagona de carteirinha(morro de medo das máquinas de lata), saí do Butantã, fui até a Berrini passei em Moema e voltei pro Butantã. Tudo de bike. Claro,ainda acompanhada (muito bem, aliás). De quebra, me emocionei na ponte, vendo a cidade de cima, transgredi algumas leis, sem desrespeitar ninguém.

Para saber mais sobre a bicicletada:

http://apocalipsemotorizado.net/bicicletada/sao-paulo/


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Depois que postei, vi essa notícia que saiu no Diário. Ironia, ou não? Os caras acham que enganam a gente, com essa história de que a ponte vai desafogar o trânsito.

Motorista já sofre com trânsito na Ponte Estaiada

Plantão | Publicada em 13/05/2008 às 12h28m

Rodrigo Ferreira, Diário de S.Paulo Ponte Estaiada na noite de segunda-feira - Foto de Eliaria Andrade, Diário de S.Paulo

SÃO PAULO - O paulistano já tem mais um ponto de congestionamento na cidade. Trata-se da ponte estaiada, que liga a Avenida Jornalista Roberto Marinho à Marginal Pinheiros no Brooklin, zona sul da capital. No primeiro teste prático realizado num dia útil, na tarde desta segunda-feira, o complexo serviu para desafogar um pouco o trânsito da região do Brooklin, Campo Belo e Jabaquara, mas pagou o preço pelo grande fluxo de veículos. Pela manhã o trânsito fluiu bem, mas à tarde a lentidão em cima da ponte foi constante.

Vote: a nova ponte merece o título de novo cartão-postal da cidade?

À noite, muitos motoristas aproveitaram as paradas constantes para contemplar a estrutura. O efeito de luzes coloridas chamou a atenção até de quem passava pela marginal. Alguns motoristas tiraram fotos.

Apesar das placas de proibição na entrada da ponte, pessoas e bicicletas utilizaram a via para ir de um lado a outro do Rio Pinheiros.

Dois pedestres também cruzaram a ponte. Um deles segurava uma garrafa de cachaça na mão. Perguntado se não sabia que a travessia é proibida, mostrou-se surpreso:

- Não pode? É mesmo, rapaz? Eu nem sabia.

Um agente da CET que estava no local se limitava a fiscalizar as conversões proibidas nas proximidades da ponte.

O motoboy Rodrigo Soares, 22 anos, acostumado a enfrentar engarrafamentos todos os dias, disse que a ponte facilitou o trânsito local.

- Foi um investimento que valeu a pena.

A Ponte Octavio Frias de Oliveira, conhecida como ponte estaiada, levou cinco anos para ser concluída. Orçada em R$ 233 milhões, tem a estrutura com base de 138 metros sustentada por 144 cabos revestidos em polietireno amarelo com a altura equivalente a um prédio de 46 andares e também passa a fazer parte do cartão-postal da cidade. A ponte foi inaugurada no último sábado, às 11h

2 comentários:

Ana Elisa Faria disse...

Hey, querida Geó!
Adorei a idéia desse seu novo blog.

Li seu primeiro post. Acho que também sou um pouco caótica...rs!

Vou entrar sempre aqui.

muitos beijos,
Anits.

Ciça D'Carvalho disse...

E vc não está sozinha... nos países mais desenvolvidos ,educacionalmente falando, vão as ruas protestar e fazem panelaço. Por aqui não, as pessoas só respondem ao boa noite do Willian Bonner. Esta é a tragicomédia brasileira, mas estamos aqui para mudar alguma coisa... vamos em frente! Sonhar é preciso.
amo